Nas atividades profissionais, quando se considera alguém como uma pessoa decidida, isso geralmente soa como um elogio. O profissional decidido é aquele que avalia rapidamente uma situação ou problema, planeja e age no sentido de encontrar uma boa solução. Se a solução encontrada tem eficácia, a capacidade desse indivíduo ganha ainda mais repercussão no ambiente de trabalho.
Mas, antes de partir para a decisão de se tornar uma pessoa decidida para obter sucesso na carreira, é interessante conhecer um pouco dos processos decisórios.
Segundo estudiosos de métodos de administração como o americano William E. Deming (1900-1993) e o austríaco Peter Drucker (1909 – 2005) – famosos por suas participações em decisões políticas e corporativas complexas e por terem conseguido extrair teorias tanto da atividade prática quanto da observação dos processos organizacionais –, o processo de decisão é cíclico e passa por quatro momentos principais:
1. Análise da situação e levantamento de informações;
2. Planejamento das saídas possíveis e definição da meta pretendida, conforme os recursos disponíveis;
3. Ação, quando se põe em prática o plano estabelecido; e
4. Controle e correção de rotas.
As atividades empresariais, em evolução constante, tem exigido a tomada de decisões importantes diariamente, que normalmente ficam centralizadas nas mãos dos gestores com autonomia para estabelecer procedimentos.
A maior complexidade e o alto grau de mudanças na atividade faz, muitas vezes, do ato de decidir uma situação a ser enfrentada em equipe, na qual erros e desacordos podem emergir de pontos de vista conflitantes, mas geralmente há ganho de qualidade com a contribuição de diversos pontos de vista, cada um relacionado a uma etapa ou característica do trabalho.
Mas, atenção, como diz a frase que já se popularizou em muitas organizações, “evite adiamentos; esvazie depressa sua caixa de entrada diante de decisões difíceis”. Delongas e procrastinações levam o problema a se tornar cada vez mais complexo e, portanto, a exigir uma solução mais difícil, que envolve mais gente, ampliando a responsabilidade pela decisão.
Vale, diante da necessidade de tomar decisões novas, recorrer ao arquivo pessoal de experiências e, havendo essa possibilidade, também aos colegas que estão há mais tempo envolvidos com a atividade, para chegar a solução que tenha lógica evidente e, sempre, mais de uma justificativa.
Por fim, uma vez definido o caminho, cabe analisar mais de uma vez as consequências que a decisão irá gerar, antes de sua implementação. Isso vale tanto para o mapeamento das pessoas e dificuldade envolvidas, quanto para a obtenção de certeza quando à disponibilidade de recursos e meios. Poucas coisas são piores do que voltar atrás numa decisão por se descobrir, tarde demais, que falta gente para implementá-la, não como fazer a gestão adequada ou o processo encareceu demais a partir da adoção de um novo método.
Em paralelo a essa análise, também é preciso preparar a comunicação objetiva, transparente e caprichada, de modo a alcançar todos os envolvidos, esclarecer antecipadamente a maior parte das dúvidas e dar segurança quanto aos resultados esperados com a decisão. Lembrando que os processos de controle e de correção de rumos fazem parte desse roteiro.
Uma pesquisa realizada com 365 executivos de países latino- americanos descobriu que as empresas sentem falta de líderes que inspiram os demais, criam o novo e têm a capacidade de tomar decisões difíceis envolvendo pessoas. Portanto, gente decidida é uma mercadoria em falta no mercado.
Agosto, 2016
Por Gilberto Cavicchioli
Consultor de empresas, professor em pós-graduação e MBA em grandes Escolas de Negócios do Brasil.
Dirige a empresa Cavicchioli Treinamentos cavicchiolitreinamentos.com.br