Na arte da administração de empresas e (por que não?) na arte de administrar nossas próprias vidas, enfrentamos quase que diariamente a questão de dedicar mais atenção à floresta, ao conjunto, ou concentrar-se nas árvores, nos detalhes.

Parece que tudo é uma questão relacionada à distância em que cada um se coloca diante das circunstâncias. Quanto maior essa distância, melhor se enxerga a floresta, o sistema. E vice-versa.

A metáfora serve, evidentemente, para quem tem de desenvolver duas capacidades importantes: a de enxergar de perto as pequenas mudanças – nas árvores – e, a de enxergar também de longe, percebendo as grandes mudanças – na floresta.

Peter Senge é um especialista norte-americano em inovação organizacional, que esteve no Brasil em 2011, a cujos conhecimentos podem recorrer quem, por razões funcionais ou pessoais, enfrenta a necessidade de estabelecer equilíbrio entre essas duas condições: ater-se ao detalhe e ao todo.

Senge desenvolveu, por volta da década de 1990, a ideia do pensamento sistêmico na gestão de empresas. Segundo seus ensinamentos, pensar de forma sistêmica é unir, com equilíbrio, a teoria e a prática, tendo como pano de fundo o conhecimento de que a soma das partes pode ser maior que o todo.

O mundo atual, tanto na sua face corporativa quanto na vida rotineira das pessoas, proporciona enorme abundância de informações e, por isso, separar o que observar de perto daquilo que precisa ser monitorado a alguma distância torna-se cada vez mais relevante, prioritário até. Quem não desenvolve essa competência arrisca-se em todo momento a se perder nos detalhes, caminhando sem foco, ou deixar-se hipnotizar com o panorama, perdendo os contornos mais relevantes – sobretudo quando a hiperconexão introduz novos elementos a cada passo.

Naturalmente, diante das grandes mudanças por que passa toda atividade profissional, como a utilização das ferramentas da tecnologia da informação e as alterações no comportamento das pessoas definida pelas mídias sociais, por exemplo, torna-se necessário desenvolver uma espécie de olhar bifocal, que permita identificar oportunidades no detalhe – nas árvores – e no sistema – na floresta.

O papel das organizações

Da mesma forma que é preciso preservar o planeta, pensando na questão da sustentabilidade, há que se manter também preservada a capacidade visual, o discernimento, a virtude que permite reconhecer o que é bom, o que serve, assim como identificar o que não serve, o que tira o andamento dos negócios do foco adequado.

O Brasil, como sabemos, vive nas últimas décadas uma oscilação entre momentos de evolução e oportunidades e fases de estagnação e incerteza. Essas condições, digamos ambientais, acabam por estabelecer ainda mais valor para quem tem a competência de discernir os detalhes relevantes sem perder de vista o conjunto, o cenário macro, variável e imprevisível.

Enxergar a floresta é ter a visão sistêmica e compartilhada do futuro que se busca criar, do progresso que se pretende trilhar. E enxergar a árvore é focar nos recentes e enormes avanços do papel da atividade organizacional, investindo em recursos materiais, em tecnologias, em pessoas, modernizando os processos e ambientes de trabalho, desenvolvendo a qualidade e a excelência no atendimento aos clientes como meio de por em evidência, cada vez mais, sua fundamental importância junto à sociedade.

Gilberto Cavicchioli
Por Gilberto Cavicchioli

Consultor de empresas, professor em pós-graduação e MBA em grandes Escolas de Negócios do Brasil.
Dirige a empresa Cavicchioli Treinamentos cavicchiolitreinamentos.com.br