“A CNV nos ensina a expressar o que está vivo em nós e a enxergar o que está vivo nos outros”
– Marshall B. Rosenberg, psicólogo norte-americano (1934 – 2015).
A qualidade da comunicação no ambiente de trabalho é a questão em que entre dez empresas, nove provavelmente apresentam problemas com essa competência na gestão dos seus negócios e relacionamentos.
Neste artigo apresentaremos os conceitos da Comunicação Não Violenta, abreviada para CNV, ou comunicação empática ou também comunicação consciente, como é batizada no ambiente de trabalho.
A partir de 1984, por meio de seu criador o psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, a CNV tem sido estudada e praticada nas grandes organizações que almejam desenvolver uma cultura de comunicação mais eficaz, transparente e respeitosa através de relacionamentos saudáveis e colaborativos.
A CNV, segundo Rosenberg, baseia-se em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem nossa capacidade de manter a humanidade em harmonia, mesmo em condições adversas. É um modo de ser e de viver.
Nas atividades de capacitação de pessoas realizadas pela Cavicchioli Treinamentos, a necessidade de melhorias na comunicação entre colaboradores nas serventias extrajudiciais tem sido muito frequente. Nessa linha de trabalho, criamos algo inédito, um treinamento visando atender essa necessidade de melhorar a comunicabilidade por meio de um treinamento sobre a CNV, que recebeu o nome de “A Conexão Consciente: o novo propósito da comunicação”.
Nesses encontros, apresentamos o que é a CNV e os benefícios desse modo de expressar necessidades e escutar – tanto o cliente interno quanto o cliente externo –, com empatia e compaixão. O resultado tem sido animador, por um simples motivo: funciona.
Os objetivos da CNV
As técnicas de aprendizado da CNV são facilmente compreendidas, absorvidas e aplicadas. O processo, por meio de vários exemplos do cotidiano, permite melhorias e aprimoramentos da compreensão mútua, criando ambientes mais positivos e colaborativos, resultando, sobretudo em atividades em equipe mais eficientes e produtivas. Todos ganham!
Utilizar a CNV na atividade Notarial e Registral torna-se uma ferramenta valiosa para líderes de equipes e todos os colaboradores que pretendem aperfeiçoar as suas habilidades de comunicação e interações interpessoais. Quem é que não enfrentou ou enfrenta mal-entendidos, conflitos e desentendimentos na vida pessoal e profissional?
Apresentamos a seguir os objetivos dessa técnica de comunicação:
- Melhorar a qualidade da comunicação: a compreensão das necessidades, dos objetivos e motivações das pessoas;
- Facilitar a resolução de conflitos de maneira pacífica e construtiva;
- Melhorar o clima organizacional;
- Agilizar a tomada de decisões;
- Promover a empatia e a escuta ativa.
Os quatro componentes da CNV
São quatro os componentes ou passos essenciais que formam o processo da CNV.
1. Observação
Observar o que está acontecendo de fato em determinada situação. O truque é apenas observar, sem julgamento ou avaliação. O componente da observação serve para começar a conversa dentro de uma perspectiva comum e evita que o interlocutor se sinta ameaçado, criando, assim, uma postura defensiva.
2. Sentimentos
A pessoa expressa seus sentimentos em relação ao observar aquela ação, como alegria, medo, mágoa, frustração, dentre outros. Os sentimentos são mensageiros, eles vêm nos contar sobre as nossas necessidades, que é o próximo componente da CNV.
3. Necessidades
Nessa fase, a pessoa identifica as necessidades, os desejos ou valores relacionados aos sentimentos do passo anterior. As nossas necessidades são universais como segurança, respeito, autonomia, compreensão.
4. Pedidos específicos
Esse passo enfoca o que queremos da outra pessoa para enriquecer nossa vida ou torná-la de melhor qualidade.
O pedido expressa como gostaríamos que nossa necessidade fosse atendida. O pedido deve ser claro e realizável.
Vamos a um exemplo prático
Situação 1
“Combinei com um amigo de encontrar às 15h e ele chega às 15h40, sem avisar que iria atrasar”.
“Amigo, quando você se atrasa e não me avisa (observação), eu me sinto desapontado e inseguro (sentimento). Gosto de sentir confiança que quando combinamos algo, será cumprido (necessidade). Você poderia me dizer quando tiver dificuldade em cumprir algo que acordamos? (pedido)”.
Situação 2
Colega de trabalho interrompe minhas falas durante as reuniões.
“Colega, quando você interrompe a minha fala durante a reunião (observação), eu me sinto frustrado e com raiva (sentimento). Quero sentir que as minhas opiniões também possuem valor (necessidade). Você poderia aguardar eu concluir minha linha de pensamento, para então compartilhar a sua? (pedido)”.
Observe caro leitor, que diante das situações acima, a forma como comunico sentimentos, necessidades e faço o pedido define o clima, a compreensão e harmonia entre os envolvidos na situação.
A Comunicação Não Violenta desempenha um papel fundamental na promoção de relacionamentos saudáveis e produtivos nas organizações. Ajudar na resolução pacífica de conflitos, melhorar a compreensão mútua e criar ambientes de trabalho mais colaborativos e positivos são os produtos desse nível mais elevado de praticar a comunicação interpessoal.
Dizer às pessoas o que não queremos é muito diferente de lhes dizer o que queremos.
Expressar sua necessidade é o grande desafio. Como sugestão comece com a pergunta: O que queremos que a outra pessoa faça? Ou esta segunda: Que razões queremos que o outro tenha para fazer o que queremos que faça?
O propósito da Comunicação Não Violenta é criar conexões para que as pessoas realizem as coisas umas para as outras não por medo de punição nem por expectativa de recompensa, mas graças à alegria natural que sentimos ao contribuir para o bem-estar uns dos outros.
Ficamos por aqui. Até nosso próximo encontro.
Publicado originalmente no Jornal do Notário CNB/SP – ANO XXV – Nº 217
– SET/OUT – 2023, pgs. 32 e 33.
Por Gilberto Cavicchioli
É professor de pós-graduação em cursos de Gestão de Negócios, consultor e gestor da empresa Cavicchioli Treinamentos. Realiza cursos e palestras técnicas sobre gestão de pessoas em cartórios extrajudiciais. Autor dos livros O Efeito Jabuticaba, na 4ª edição e Cartórios e Gestão de Pessoas: um desafio autenticado, na 2ª edição. Conheça nosso material sobre gestão em: cavicchiolitreinamentos.com.br