“A liderança é o cerne das iniciativas que alcançam o sucesso.”
– Stephen Covey
Nos fóruns sobre gestão de pessoas, o tema liderança tem sido, pelo grande interesse que desperta, a “cereja do bolo”. Frequentemente surgem novas questões sobre o tema. Existem ainda segredos a desvendar sobre a capacidade do líder de conquistar a credibilidade e engajamento? Como o líder contemporâneo pode atuar para promover melhorias no ambiente de trabalho e no clima organizacional?
As pessoas envolvidas na melhoria de desempenho e dos resultados nas empresas e nos negócios querem conhecer as novas abordagens sobre maneiras de liderar que avancem além da eficácia convencional. As competências de um líder hoje demandam grandeza, realização, execução apaixonada e contribuição significativa.
Foi pensando nisso que criamos essa metáfora da liderança a pino, relacionando à posição astronômica peculiar alcançada pelo sol no ponto mais alto sobre nossas cabeças – a pino, em destaque no céu – e o líder na sua trajetória e posição de apogeu.
Zênite é uma palavra que vem do árabe e designa o ponto mais alto do céu, exatamente acima das nossas cabeças – é o popular “a pino”.
Como se costuma dizer, mais do que a foto de um líder no auge, o que interessa é o filme que mostra sua trajetória a esse ponto. Por isso, o que mais vale analisar é o desenvolvimento de competências que levam uma pessoa à condição de líder de uma organização, de uma equipe, de um projeto ou mesmo de uma reunião eventual que precisa ser sintética e objetiva. Em cada uma dessas situações, a condição ideal é a do “líder a pino”, ou seja, exercendo na plenitude a condição de condutor do processo.
A escalada ascendente
Mantendo a figuração astronômica, vale lembrar que, em contraste com a trajetória do Sol, que diariamente alcança em poucas horas a posição mais alta no céu, a escalada ascendente de uma liderança consiste em processo bem mais demorado, sujeito a idas e vindas – e tem o objetivo de estabilizar-se no ponto máximo, em vez de rumar para o poente, como faz o astro.
A velocidade de subida até o cume e o tempo de permanência nessa condição depende claramente do quão sustentável, sólida e consistente foi a formação do líder, do seu grau de experiência, de suas habilidades de relacionamento e, claro, também de fatores externos como a cultura da organização, o momento do mercado e outras variáveis não controláveis.
O prazo de semanas, meses, anos ou décadas seja talvez necessário para o candidato se habilitar a reunir as competências da posição elevada de liderança. Se pretende irradiar energia, alegria, vitalidade e comprometimento, como o Sol irradia luz e calor, o interessado deve consolidar sua própria consistência, armazenar combustível e sentir-se seguro a ponto de transbordar essa segurança aos que o seguem e seguirão.
Tendo, portanto, a clareza de que se trata aqui da formação do líder motivador, inspirador e criador, em oposição ao tirano que verte infelicidade e almeja apenas proposições egoístas, cabe listar comportamentos, qualidades e competências essenciais que alguém precisa reunir ao longo de sua trajetória na direção do topo.
- Generosidade, pois gosta de ensinar o que sabe e demonstra interesse genuíno em ver as pessoas crescerem na vida;
- Coerência, pois age eticamente, conforme o que diz, e, quando necessário, “põe a mão na massa”, dando o exemplo;
- Criatividade, pois é naturalmente inovador e desperta nos liderados a vontade de encontrar soluções originais;
- Inspiração, pois exibe a aplicação de valores como honestidade, disciplina, justiça e humildade;
- Envolvimento, pois busca desenvolver a equipe de maneira que seus integrantes se sintam, além de seguros, coautores da obra em construção;
- Determinação, pois não é fácil identificar e arregimentar seus próprios mentores e extrair do contato com eles o sumo do conhecimento;
- Entusiasmo, pois é preciso motivar e, até mesmo ao aplicar correções de rota, ter modéstia e senso de humor para reconhecer eventuais perdas de controle;
- Foco, pois não se chega a lugar nenhum se não há um alvo a ser alcançado.
O longo desenvolvimento até o cume
Ser um líder é, ao mesmo tempo, uma condição necessária a todos, mas não necessariamente a ser praticada permanentemente. Há muita gente bastante feliz no exercício de responsabilidades individuais, e isso precisa ser respeitado como uma decisão de carreira tão válida quanto qualquer outra. Mas mesmo esses precisam saber que a vida há de colocá-los, em muitos momentos, em situações nas quais terão de liderar, ainda que temporariamente. Por isso, o conhecimento e desenvolvimento de certas habilidades só fará preparar qualquer um para situações como essa, ainda que inesperadas ou indesejadas.
Na outra ponta, os que se ambicionam a condição de liderança, com a legitimidade de um projeto, devem fazer desse conjunto de características o diário de sua rotina. Disciplina, comunicabilidade, tenacidade, empatia e otimismo são fundamentais nessa trajetória na direção da liderança solar. Arrogância, egoísmo, mágoas, preconceitos, prejulgamentos e desprezo levam, contrariamente, à criação de uma liderança soturna, destrutiva.
E um dos segredos da permanência no auge, tão raramente atingida, é, sem dúvida, a capacidade de reconhecer as próprias vulnerabilidades, para formar equipes que contribuam até mesmo para superá-las.
Como o Sol, a liderança a pino é solidária e democrática.
Desafios para manter-se a pino
- Ter um constante e dinâmico propósito na vida;
- Mostrar disposição para escutar as pessoas com empatia;
- Cultivar a capacidade de atrair talentos para qualquer função;
- Revelar ânimo, inspirar e motivar pessoas;
- Brilhar a cada momento na dose certa e com o conteúdo adequado ao instante;
- Administrar e enxergar erros e conflitos como oportunidades de aperfeiçoamento;
- Catalisar comprometimento e engajamento junto às equipes.
A liderança a pino é a oportunidade de o líder ser autêntico, coerente e leal com seus valores fundamentais.
Assim como o Sol derrama efeitos positivos sobre o planeta, o papel dos líderes nas organizações pode ser também, iluminador, para garantir o desenvolvimento, a postura de regulação e o direcionamento de ações na direção da prosperidade e da evolução das pessoas.
A liderança a pino não se afasta nunca desse papel que brilha e faz brilhar, com o objetivo maior de “criar boa vontade nas pessoas”, para que realizem coisas que aos olhos de si mesmas pareceriam inalcançáveis.
Até nosso próximo encontro, um abraço.
São Paulo, 18 de maio/ 2022
Por Gilberto Cavicchioli
Consultor de empresas, professor em pós-graduação e MBA em grandes Escolas de Negócios do Brasil.
Dirige a empresa Cavicchioli Treinamentos cavicchiolitreinamentos.com.br