Um grande desafio em qualquer organização é contar com pessoas alinhadas com a sua missão, a sua visão e seus valores. Na atualidade, uma “mudança de valores” está em curso e algumas empresas têm provocado nos seus colaboradores um sentimento de trabalho com propósito, um sentido compatível ao desenvolvimento pessoal.
Nas atividades de consultoria e treinamento de equipes, perguntas frequentes que recebo são, por exemplo: O que o meu Cartório Extrajudicial deveria fazer em relação à gestão de pessoas para contar com pessoal motivado? Como contar com colaboradores dispostos a dedicar energia, comprometimento e criatividade para fazer do Cartório um sucesso de eficiência e satisfação do usuário?
Cá entre nós, caro leitor, são perguntas nada fáceis de serem respondidas!
O fator determinante da motivação e do engajamento não é o dinheiro, o salário pago ou benefícios, segundo as pesquisas mais recentes sobre o assunto.
Levando em consideração os reflexos que a pandemia vem deixando no comportamento das pessoas, no entanto, tem sido sempre mais valorizado o trabalho que permita à pessoa levar uma vida confortável e digna. Como também, exerce sempre muita atração, o trabalho que ofereça a possibilidade de realização de objetivos pessoais e de acessar oportunidades de desenvolvimento na carreira.
O que os colaboradores querem
Outros pontos que fazem parte da relação de anseios e desejos no ambiente de trabalho, levando em conta o perfil do negócio e setor de atividades são:
- Segurança no emprego
- Lealdade da Empresa
- Liderança motivadora e eficiente
- Atividade interessante com oportunidades de desenvolvimento multidisciplinar
- Sentir-se por “dentro das coisas”
- Alternativas de crescimento na carreira
- Ambientes com menor sisudez e mais atraentes para fomentar interações entre as pessoas
- Atividades que tenham impacto positivo na sociedade
- Recompensas ou punições vinculadas ao resultado e desempenho
Conhecendo as necessidades e expectativas dos colaboradores, o Cartório poderá traçar um plano efetivo para atendê-las.
O colaborador no centro da estratégia
Conheço pessoas que contam que querem mudar de emprego para obter harmonia maior entre vida pessoal e profissional. Há aqueles que não enxergam uma perspectiva de desenvolvimento na carreira, e há também os que gostariam de trabalhar em empresas mais flexíveis na questão da jornada de trabalho e opções de diferentes ou novos aprendizados.
O Tabelião e o Oficial de Registro reconhecem quando são bem sucedidos em suprir as necessidades dos seus colaboradores quando percebem um alto grau de engajamento por parte deles. Para se alcançar resultados de alta performance é preciso criar uma cultura organizacional que atente para as necessidades básicas dos colaboradores e de suas famílias em um clima de recíproca confiança.
Se a confiança não está presente ou se a comunicação não se mostra transparente e integrada, as pessoas ficam tentando se proteger daqueles em quem não podem confiar. Essa percepção provocará o baixo engajamento e empenho de todos com pouca criatividade e baixa satisfação.
Ambiente Humanizado
Escutar de forma ativa os colaboradores é fundamental para que se sintam pertencentes a uma comunidade. O líder de equipes deve conhecer o que está indo bem para cada um em termos profissionais e pessoais. Essa relação precisa ser cada vez mais humanizada.
Pesquisa recente realizada pela Gartner, empresa de consultoria especializada em tecnologia da informação, mostra que as empresas precisam proporcionar experiências mais humanizadas aos seus colaboradores. Segundo a pesquisa, publicada na revista Você RH edição de jun/jul 2022:
- 82% dos profissionais dizem que é importante que a empresa onde trabalhe os veja como uma pessoa, não apenas como um empregado, mas apenas 42% afirmam que isso acontece;
- 47% declaram que o estresse na pandemia foi o maior de sua carreira e 44% dos profissionais não consideram que a empresa investe neles;
- 41% não se sentem compreendidos em seu local de trabalho e apenas 31% consideram que sua organização oferece uma “experiência única” no trabalho.
A aposta é que os colaboradores cresçam profissionalmente e pessoalmente, sendo reconhecidos como indivíduos de diferentes perfis e necessidades.
O que seria uma tendência na gestão de pessoas tem se tornado uma rotina nas organizações que focam na eficiência dos “Pês” de processos e de pessoas. Essa sincronia entre gestão, satisfação e desempenho tornou-se nos últimos dois anos uma competência dos líderes que até então nem pensávamos em aplicar.
Tomando como base os resultados de pesquisas e as novas demandas envolvendo a gestão de pessoas, aproveito para deixar a pergunta.
Como a sua equipe de colaboradores na Serventia está se preparando para atender tais demandas?
Até o nosso próximo encontro.
Publicado originalmente no Jornal do Notário – ANO XXIV – Nº 210
– JUL/AGO – 2022, pgs. 28 e 29.
Por Gilberto Cavicchioli
É professor de pós-graduação em cursos de Gestão de Negócios, consultor e gestor da empresa Cavicchioli Treinamentos. Realiza cursos e palestras técnicas sobre gestão de pessoas em cartórios extrajudiciais. Autor dos livros O Efeito Jabuticaba, na 4ª edição e Cartórios e Gestão de Pessoas: um desafio autenticado, na 2ª edição. Conheça nosso material sobre gestão em: cavicchiolitreinamentos.com.br