Skip to main content

“Não é possível prever o futuro; mas, sim, é perfeitamente possível prever futuros.”
– Amy Webb, futurista americana, fundadora do Future Today Institute.

A administração de empresas experimenta pelo mundo afora profundas transformações nas práticas e políticas de gestão de pessoas que, obrigatoriamente, vivenciam maior humanização das relações de trabalho.

A pandemia e o distanciamento social nos forçaram a mudar algumas rotinas, enquanto a população segue na vacinação em massa para acelerar a volta à normalidade. O trabalho de casa, as jornadas flexíveis com o modelo de trabalho híbrido, as reuniões online ou o aprendizado de soluções baseadas na nuvem, são alguns exemplos dessas mudanças.

Nesse contexto, a maioria das empresas, se veem obrigados a “dançar conforme a música” e procuram interpretar os sinais e as demandas complexas vindas das equipes no ambiente de trabalho, que até então não se faziam presentes ou, pelo menos, não exigiam uma conduta gerencial específica.

Aos gestores de pessoas, vale sempre lembrar que: contar com colaboradores motivados, clima de trabalho sadio, bom índice de produtividade e melhores resultados, continua sendo fator importante e decisivo àqueles que precisam contar com equipes que façam a diferença na qualidade dos produtos e serviços prestados e que impactem na satisfação dos clientes.

Um exemplo de mudança interessante é o de uma grande empresa operadora de cartões de crédito que, visando conquistar maior engajamento dos seus funcionários com as metas traçadas de crescimento nos resultados. A administração de RH descobre que muitos dos seus funcionários valorizam ações em benefício às causas sociais locais. Com isso, realiza uma pesquisa interna e decide liberar, por meio de um cronograma pré-estabelecido, alguns funcionários em até quatro dias ao ano para que estes se ausentem de suas atividades cotidianas para fazer trabalhos voluntários.

Essa empresa certamente acredita – e aplica –, a estratégia de que só se consegue o engajamento duradouro dos funcionários se eles se sentirem atendidos em suas necessidades básicas e, mais que isso, satisfeitos em suas expectativas e desejos pessoais. Algo impensável na gestão em tempos atrás!

São desafios assim que podem nos mostrar tendências e dão o toque disruptivo às soluções mais tradicionais envolvendo a gestão de pessoas.

As melhores empresas para se trabalhar

A empresa de consultoria Great Place to Work – GPTW –, (traduzido do inglês, Melhor Lugar Para Se Trabalhar), como é mundialmente conhecida, realiza há 25 anos no Brasil a pesquisa para descobrir as melhores empresas para se trabalhar.

Para que o leitor tenha uma ideia, o número de empresas inscritas na pesquisa cresce a cada ano e em 2021 no Brasil, foram inscritas 4.026 empresas. Ao longo deste um quarto de século, a GPTW tem constatado profundas transformações na gestão de pessoas e compartilha os resultados publicamente para que outras empresas possam tirar orientações para não só atualizar-se, mas também aplicar o que cada empresa entende como adequado e possível dentro de suas realidades.

Na recente pesquisa publicada em novembro/2021, foram avaliadas empresas, tanto nacionais quanto multinacionais, de portes diversos, classificadas de: Os gigantes (com mais de 10 mil funcionários no Brasil), as empresas grandes (que empregam 1.000 e 9.999 funcionários) e as médias, (que têm entre 100 e 999 empegados).

Observe na relação a seguir a evolução de quatro dos principais indicadores das empresas classificadas na pesquisa da GPTW. (Fonte: Época Negócios, edição nº 175 de novembro 2021 – Editora Globo).

1. Diversidade em alta

Cresce o percentual de mulheres ocupando cargos de média e alta gerência, assim como o total de negros, pardos e indígenas nas equipes.

Equipes compostas por funcionários com experiências profissionais e pessoais distintas são a chave para a criatividade e redução de conflitos.

2. Ambiente Organizacional 

O principal fator de retenção de talentos são as oportunidades de crescimento oferecidas e o bom tratamento dado às pessoas com feedbacks frequentes. E também o sentimento de orgulho ao dizer que trabalha na empresa.

3. O poder da comunicação

Comunicação clara, ágil e que contemple toda a equipe, mostrando quais são os desafios enfrentados pela empresa e como superá-los. Programas de desenvolvimento são realizados para promover melhorias, abrir oportunidades na comunicação tanto para o cliente interno, entre os colegas, quanto para o cliente externo.

4. Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

As empresas pesquisadas oferecem alternativas diversas como o trabalho de casa, verbas para programas de desenvolvimento dos funcionários como bolsas de estudos, ou opções para dosar o tempo na dedicação a algum hobby, como esportes ou artesanato.

 

Amor pelo trabalho

Toda empresa em crescimento têm um lado fascinante. Ouço com frequência nos Programas de Desenvolvimento de Pessoas, relatos de funcionários que declaram que adoram as suas atividades e atribuições na empresa, que amam o que fazem e que admiram os seus superiores.

Por meio desses Programas, compatíveis com o tamanho da empresa, essa energia espontânea expressa pelos colaboradores – quando é bem direcionada e aproveitada – poderá trazer muitos benefícios às atividades elevando sua eficiência e satisfação no ambiente de trabalho. Para tanto, deveremos investir nos colaboradores dedicados, comprometidos, escutar suas expectativas e proporcionar as oportunidades de crescimento por meio do desenvolvimento de novas competências.

Como explica um executivo da GPTW. “Existem empresas excelentes para se trabalhar. Qualquer empresa, de qualquer tamanho, em qualquer lugar e em qualquer época, pode se tornar um excelente lugar para trabalhar.”

O mundo corporativo vem se transformando com tanta digitalização e virtualidade, que decidir tomar um trem para o passado, para os que insistem em ali ficar, pode não ser uma boa saída.

Algumas dessas transformações nos fazem crer e deixam evidente que no ambiente de trabalho, produtividade e felicidade podem andar de mãos dadas.

Até nosso próximo encontro, um abraço.

Publicado originalmente no Jornal do Notário – ANO XXIV – Nº 207
– JAN/FEV – 2022, pgs. 30 e 31.

Gilberto Cavicchioli
Por Gilberto Cavicchioli

Consultor de empresas, professor em pós-graduação e MBA em grandes Escolas de Negócios do Brasil.
Dirige a empresa Cavicchioli Treinamentos cavicchiolitreinamentos.com.br